“Não matei, não trafiquei drogas”, diz Gilson Machado após ser preso pela PF
Adversários comentam prisão; Humberto Costa solta nota e João Paulo aparece em vídeo dançando forró
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O ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL) reagiu com ironia à sua prisão pela Polícia Federal, na manhã desta sexta-feira (13), no Recife. Em entrevista à imprensa, ele negou envolvimento em qualquer ato criminoso e afirmou que apenas tentou emitir um aporte para o próprio pai, de 85 anos, no Consulado de Portugal.
“Não matei, não trafiquei drogas, não tive contrato com traficante. Apenas pedi o aporte para o meu pai, no consulado português do Recife, no qual ele foi no outro dia. Ele tem 85 anos, ele foi ao consulado com meu irmão, e o aporte, se não recebeu, está para receber. É só pegar as ligações que tenho com o consulado e a entrada dele no consulado. Não estive presente em nenhum consulado” Gilson Machado, Ex-ministro de Turismo e candidato derrotado à Prefeitura do Recife em 2024
Questionado diretamente se havia solicitado o aporte para Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e alvo das investigações do STF, Gilson respondeu: “Não”.
Segundo ele, o próprio Cid já teria cidadania portuguesa. “É público que Cid tem uma cidadania portuguesa. A imprensa noticiou em fevereiro que ele recebeu a cidadania portuguesa”, declarou.
Ao comentar a prisão, limitou-se a dizer: “A justiça de Deus tarda, mas não falha”.
Filho se manifesta nas redes

Horas após a prisão, o filho do ex-ministro, o vereador Gilson Machado Filho (PL), também se pronunciou. Ele foi o vereador mais votado do PL nas eleições de 2024 e o segundo mais votado do Recife.
“Estou muito triste com isso. O meu pai é um exemplo pra mim e me ensinou valores importantes como integridade e família. Nunca cometeu um crime em toda sua vida. Honro esses ensinamentos e estarei junto dele e da minha mãe, apoiando meus pais nesse momento” Gilson Machado Filho, Vereador do Recife
Em outro post no Instagram, reforçou a crença na providência divina: “A justiça divina nunca falha”.
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Entenda a prisão
A prisão de Gilson Machado foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele é investigado por suposta obstrução de Justiça, sob a acusação de tentar ajudar Mauro Cid a deixar o país usando um aporte português.
A investigação aponta que, em maio, Machado teria atuado junto ao Consulado de Portugal no Recife para facilitar a emissão do documento.
A Polícia Federal acredita que o objetivo seria permitir a fuga de Cid, que responde a processos relacionados à tentativa de golpe de Estado em 2022 e é réu confesso em outros inquéritos.
A operação também teve como alvo o próprio Mauro Cid, que chegou a ter prisão decretada, mas foi solto horas depois. Gilson afirma que jamais esteve pessoalmente em qualquer consulado.
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PL acompanha o caso sem tomar partido
O PL, partido ao qual Gilson e seu filho são filiados, divulgou nota afirmando que acompanha o caso e aguarda esclarecimentos sobre os fatos. Veja nota na íntegra abaixo.
“O Partido Liberal em Pernambuco informa que está acompanhando com atenção as informações divulgadas nesta sexta-feira (13) sobre a prisão de Gilson Machado, ex-ministro do Turismo. Neste momento, o partido aguarda o esclarecimento dos fatos pelas autoridades competentes. O PL reforça seu compromisso com a verdade e com os valores que defende junto à sociedade brasileira ,
Adversários comentam prisão
O senador do PT, Humberto Costa, posicionou-se pelo instagram de forma dura.
"Ex-ministro de Bolsonaro, Gilson Machado tentou obter um aporte português para Mauro Cid no consulado do Recife. Os dois tiverem prisão decretada pelo STF, mas, segundo a defesa, a de Cid foi revogada. Ele está na PF prestando depoimento e a família foi embora para os Estados Unidos. Gilson Machado está preso. É um forte indício da tentativa de fuga de mais um golpista do território nacional."
No instagram, o deputado João Paulo (PT) aparece num vídeo dançando forró, ritmo que Gilson Machado costumava tocar em sanfona. Ele comemora a prisão de Gilson Machado.
O deputado federal Pedro Campos (PSB) diz que quando uma prisão acontece não há nada a se comemorar, porque significa que algo ruim aconteceu.
Para ele, é algo surreal que, num momento como este, o ex-ministro tenha tentado interferir para favorecer a Mauro Cid. Para ele, é lógico que existe o desejo de algumas pessoas de não responder à Justiça e fugir do país.
"Tudo isso é lamentável. Não há o que celebrar!"
O papel de Mauro Cid na suposta trama golpista
Cid já confessou parte do envolvimento; Ele firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Em seus depoimentos, confirmou a existência das reuniões, a impressão da minuta golpista, e que havia uma tentativa de criar respaldo jurídico e militar para uma intervenção.
Porém, nega ter defendido pessoalmente o golpe, dizendo que “cumpria ordens” de Bolsonaro.
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